Diário Grower – Grow e a Cannabis no Brasil – GrowinEco

silver iPhone X displaying cannabis definition on top of dictionary

Cannabis e sua relação com quem cultiva.

O Grower e a Cannabis no Brasil: além das paredes de um grow

O brasileiro sempre foi um povo ligado a maconha, dadas as origens de nossa população. Trazida por escravos em meados de 1500, o “fumo-de-angola” passou de medicamento útil para diversas doenças à droga demonizada, sendo essa imagem fortemente repassada pelos mecanismos de repressão do mundo (principalmente nos EUA).

Nos 500 anos que se passaram desde então, a erva voltou a ter uma chance se provar digna do uso legal. Já legalizada em muitos países, tem sido a reviravolta da medicina, e inclusive no Brasil, seu uso medicinal foi permitido. 

A questão é que essa liberação auxilia quem tem bala na agulha (dinheiro alto na conta) e conseguem comprar o remédio nas farmácias. O cultivo do próprio remédio é permitido para poucos (apesar de o número ser crescente) que conseguem se organizar para imputar um habeas corpus que permita o cultivo caseiro.

No meio dessa pirâmide, estão milhares de famílias em situação vulnerável que precisam da medicina, também os cultivadores para uso medicinal e recreativo e todos os usuários que ainda são reféns desse sistema proibitivo. 

E foi inserido neste contexto de cultivador para uso medicinal e adulto que trouxe um pouco dessa discussão saudável pra evolução da ganja no Brasil. 

Medicinal ou recreativo?

Essa é uma dicotomia que ficou mais evidente com as discussões e avanços da cannabis medicinal e tem sido comum as pessoas usarem com distanciamento os termos Cannabis medicinal e Cannabis recreativa, sendo que o limiar entre as duas coisas é muito tênue, uma linha fina.

O neurocientista Sidarta Ribeiro, reconhecido estudioso da Cannabis no Brasil, aponta em suas aulas que o efeito recreativo quando exerce função terapêutica é também medicinal. Ele usa o exemplo de uma pessoa que passa por um processo de quimioterapia e utiliza a maconha para atenuar os efeitos colaterais e dessa maneira obtém um momento de relaxamento ou mesmo de alegria, obtém efeito recreativo de forma medicinal.

Dessa forma, a maconha é ao mesmo tempo medicinal e recreativa, ponto. E isso eu trago, só pra expor a situação em que um cultivador se encontra, neste limbo entre o avanço da cannabis medicinal e a proibição. E isso tem gerado até a falsificação de condições patológicas para justificar a liberação de plantios. Qual o custo disso?

Como se o maconheiro que planta e obtém dessa maneira bons momentos por causa da planta, não estivesse fazendo uso medicinal. Com certeza a prioridade na agenda cannabica é possibilitar o uso para  quem tem mais necessidade médica, no entanto a ideia foi trazer a reflexão entre os dois polos. 

Porque medicinal ou recreativo?

O Brasil é o país da ansiedade e a consciência acerca disso é baixa, quantos não fazem o uso da planta, mesmo do prensado, para diminuir a pressão do dia-a-dia?

Elas não procuram médicos para isso e no entanto não deixa de ser uso importante e totalmente prejudicado pela proibição e também por essa montanha que pode se formar entre o uso medicinal e recreativo (ou uso adulto).

A distinção entre a maconha boa e a “ruim” é o que vai continuar marginalizando minorias sociais e matando pessoas nas periferias. Sendo que a única abordagem deveria ser a científica, que apresenta o uso saudável da planta e informa corretamente os usuários. 

O cultivador no meio do caminho

Havia um caminho, e no meio dele estava o grower, na frente do grow uma pedra chamada proibição, que já estava sendo escalada a passos duros.

Querendo falar e mostrar os benefícios da planta, querendo unir a cannabis à profissão exercida, fazer parte de uma comunidade aberta, dar óleo pro vizinho, pro cachorro, pro gato e quiçá ter uma melhora de renda?

Mas a realidade colocou as pessoas no escuro, por medo, cada cultivador ficou escondido atrás de sua parede. É muito ruim viver uma vida dupla, controlando visitas, tendo que bolar estratégias para deixar o cultivo “mocado”. Mas a gente segue. 

As associações são um caminho lindo e de resistência. Fico muito contente de ver alguns irmãos podendo mostrar as caras com um pouco menos de neurose fazendo um trabalho educativo que ajuda muitas pessoas e desmistifica nossas flores. 

Espero que a burocracia acerca da formação e manutenção de instituições e associações torne-se mais inteligente, e coletivos possam trabalhar com a planta tranquilamente, sem medo de ter seus direitos caçados e possa aprimorar seu grow. 

No fim, isso é um pouco de reflexão e desabafo, a gente quer chegar lá e exercer a essência de forma mais livre, sem esconderijos. Usar o que é da terra. Plantar agrofloresta com maconha, recuperar solos e pessoas. Tornar o jogo mais limpo também, tudo mais transparente, sem enganação e desinformação. 

E o que você acha dessa situação?  O que faz no dia-a-dia pra ajudar a modificar esse cenário? Como você deseja que seu grow seja no futuro?

Growing Eco – Instagram

Growing Eco – Blog

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *