5 anos de cultivo agroecológico de Maconha – Growing Eco

Aqui é uma experiência de 5 anos de cultivo agroecológico de cannabis. Não sabe o que é Agroecologia? Comece aqui

Olá agricultores, hoje eu,busco fugir do parâmetro rígido das técnicas (mas não muito) pra falar um pouco do cultivo agroecológico de Cannabis. Experiências e viagens que tive nestes últimos cinco anos. 

Planta de agosto de 2020.
Créditos: Growing Eco.

 

Saltando quase uma década atrás, meus cultivos eram espaçados de tempos em tempos, e seguindo outras correntes de plantio pouco planejadas e com o que tinha em mãos, um pouco de esterco, húmus, NPK sintético, quem nunca? 

Após um mergulho na literatura sobre agricultura orgânica em meados de 2013-14, influenciado pelo fórum do Growroom, pude começar a planejar como seria cultivar organicamente quando tivesse em mãos um pedaço de terra. 

Foi em 2016 que rumei de volta à roça pra tentar trabalhar como produtor orgânico. Nesse ínterim dei início ao cultivo ecológico e orgânico da erva* que completa cinco anos.

*para consumo próprio para fins medicinais como ansiedade, dores crônicas e uso adulto com redução de danos

Planta de novembro de 2020.
Créditos: Growing Eco.

A visão da mãe terra 

Nestes anos percebi que muito do que devia fazer para que o plantio desse certo, era seguir alguns padrões do que acontecia naturalmente na natureza e torná-los hábitos diários.

O primeiro destes padrões que se tornou hábito foi a compostagem, fonte riquíssima de vida e nutrientes para o solo e para as plantas. Além de prática excelente para diminuir nosso impacto na terra. É uma parte da rotina caseira que particularmente adoro observar, fazer e testar. 

A princípio essa compostagem era feita somente com resíduos de matéria seca como folhas de quintal, serrapilheira (cobertura do solo de mata) e capim, restos vegetais da cozinha e esterco.

Posteriormente, comecei a adicionar tortas de mamona e neem, pós de rocha, gesso e bokashi líquido em baixa quantidade.

Um plus de vida: algumas técnicas agroecológicas

A última adição à compostagem desde o fim de 2019 foram os abonos do KNF, que enriquecem o ciclo de decomposição da matéria orgânica com microrganismos indígenas benéficos para a agricultura.

Este fermentado de beterraba quase passou do ponto. Tava lindo.
Créditos: Growing Eco

Tenho utilizado IMO-2 além dos FFJ (Suco Fermentado de Frutas) de beterraba e FPJ(Suco Fermentado de Plantas) de babosa e de coração da banana.

Não tenho o costume de usar EM* ou ME (Microrganismos Eficazes), apesar de ser uma técnica bem parecida com o IMO (Microrganismos Indígenas), isso porque o EM foca mais em bactérias e eu prefiro inocular mais fungos por serem mais interessantes para a Cannabis.

Associo muito do sucesso também às bactérias ácido láticas dos LABs (Soro de Bactérias Ácido Láticas) que aceleram a compostagem.

Estas bactérias também estão presentes no Bokashi Active da @organolabs que ainda soma com outros microrganismos, leveduras e extratos vegetais, uso um tanto dos dois por aqui. 

*Eu gosto desse texto do Pedro Meza (agricultor, regenerador da terra e cozinheiro) explicando as diferenças entre o IMO e o EM. Deem uma olhada que vale a pena.

Uma publicação compartilhada por Pedro Meza Camargo (@pedro.meza.33)*

Compostagem sensorial

Essa adição foi a que mais causou uma diferença perceptível na compostagem, em termos de estrutura do composto final (super preta) com agregados e o cheiro ficou ainda melhor. Lembra um pouco os fermentados, bokashis, entre outros. Fico por lá cheirando composto e é bem terapêutico.

Provavelmente o fato de todas as matérias primas e substâncias estarem sendo compostadas e oferecidas mais facilmente às plantas, possa reduzir a aplicação de quaisquer probióticos e biofertilizantes ao longo do tempo. Aqui ao menos eu diminui bastante o uso de tudo no canteiro de flora que é o mais antigo. Percebo que as diversas técnicas de compostagem são mesmo o princípio do cultivo agroecológico.

Assim eu resumo as aplicações na flora à presentes mensais. Na vega eu faço rega no solo com Ocean Mix e Bokashi Active e Fermentados intercalados em uma semana e na outra foliar. E o resto é água pura, biologia, química e física acontecendo de maneira intensa. 

O que é certo, é certo. E o que é novo?

Planta crescendo no indoor.
Créditos: Growing Eco

Nestes cinco anos de cultivo agroecológico, o consórcio de plantas cultivadas em conjunto com a Cannabis continua sendo usado. Para fins de adubação verde e aumento da biodiversidade do microssistema tive muito sucesso. Dá pra plantar de tudo mesmo, nenhuma das plantas testada aqui até agora apresentou algum resultado negativo na cultura principal, a ganja. 

A novidade é que agora iniciei também o plantio indoor para ter uma sala de floração mais controlada durante todo o ano tendo duas opções para florir. Por hora estou fazendo o processo todo da vega à flora no quarto todo, e breve teremos uma pequena tenda para vegar e manter o ciclo rodando melhor. 

Preparação da cama dos vasos, depois foi tudo coberto com palha.
Créditos: Growing Eco.

No substrato dos vasos novos eu usei perlita, turfa, composto Growing Eco, Biochar e Bokashi da @organolabs, torta de neem, gesso agrícola e pó de rochas variadas. Deixei descansar um tempão e neste tempo reguei com BioActive, Ocean Mix e Fermentados todos. Estou querendo tornar meu substrato mais acessível sem perlita e turfa. Devo escolher coco em diferentes tamanhos (pó, fibra e chips) e casca de arroz carbonizada, utilizando matéria mais ecológica.

Neste começo de indoor eu comecei sem ventilação e isso atrasou bastante o crescimento das plantinhas por causa do calor e pouca troca gasosa no quarto. Até agora sigo sem HPS porque ainda não comprei o ar condicionado que está qua$e viabilizado.

Quase prontas pro vasão de feltro.
Créditos: Growing Eco.

Agora o ambiente ficou mais ajustado com ventilação e temperatura mais baixa. Assim as marias estão dando a volta por cima e vem crescendo melhor mas não muito rápido. Tem sido uma experiência divertida depois de alguns anos voltar a fazer o ciclo todo em ambiente indoor.

Enquanto isso no outdoor estou construindo a estufa nova. Está sendo feita pra durar bons anos sem me dar dor de cabeça. Vou aproveitar a estrutura nova pra cultivar tomates, pimentas, pimentões e morangos, espécies comumente cultivadas em estufas por serem plantas atrativas para pragas.

Em “suma”, é isso. Gostaria de escrever páginas e mais páginas, afinal é uma vivência gratificante essa de tentar cultivar vida por meio do viver agroecológico e mais prazeroso ainda dividir. Mas que a experiência possa ser útil para outras pessoas e que venham as trocas pois existem outras várias experiências acontecendo em outros quintais, plantios e associações para conhecermos e aprendermos. Vamos juntos.

 

GROWING ECO

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