Ecologia do solo e a restauração florestal

Como a restauração ambiental e a ecologia do solo estão interligados ?

A palavra Restauração muitas vezes é designada a projetos ou processos de Reabilitação ou Recuperação de áreas degradadas, confira algumas diferenças conceituais entre os termos: 

  • Restauração: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada o mais próximo da sua condição original.
  • Recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser diferente de sua condição original.
  • Reabilitação: Local alterado destinado a uma dada forma de uso de solo, de acordo com projeto prévio e em condições compatíveis com a ocupação circunvizinha, ou seja, trata-se de reaproveitar a área para outra finalidade.
  • Remediação: Ações e tecnologias que visam eliminar, neutralizar ou transformar contaminantes presentes em subsuperfície (solo e águas subterrâneas). Refere-se a áreas contaminadas.

A variação no tipo de degradação do ecossistema e os objetivos diversos de cada projeto dificultam a generalização sobre abordagens que levam ao sucesso dos processos ou etapas de recuperação. O trabalho citado propõe que a utilidade do conhecimento ecológico do solo (Soil Ecological Knowledge – SEK) para restauração é proporcionar:

  • Melhor contextualização do grau da perturbação original, 
  • Alinhamento com os objetivos de cada projeto, 
  • Identificação de estratégias holísticas e efeitos cascata intencionais,
  • Aumento da resiliência do ecossistema à perturbação.
Biota do solo

A Biota do solo inclui microflora (ou seja, bactérias e fungos), uma ampla variedade de nematóides e microartrópodes funcionalmente distintos, além de uma variedade de macroinvertebrados (ou seja, minhocas, larvas de besouros, cigarras). Estes grupos influenciam direta e indiretamente a dinâmica dos nutrientes disponíveis e também no desenvolvimento da comunidade e sua diversidade como um todo.

A ecologia do solo fez diversas contribuições significativas para modelos de biodiversidade e funcionamento de ecossistemas que são utilizados entre espécies macroscópicas. Diversos estudos examinaram os efeitos de perturbações na microflora e fauna do solo e propõe que avaliações da biota do solo sejam empregadas como indicadores de efetividade de restauração. 

Por causa do papel-chave na regulação de processos ecossistêmicos, como a decomposição e ciclagem de nutrientes, a aplicação de insights da ecologia do solo se mostram extremamente úteis em situações em que os resultados desejados vão além do simples aprimoramento de fatores únicos, sejam eles físicos, químicos ou biológicos. 

Conforme os objetivos específicos de cada projeto, são avaliadas as necessidades das análises e seus aprofundamentos assim como as intervenções e suas intensidades. As intervenções podem ser divididas em 3 grupos: intervenções físicas, químicas e biológicas. Onde geralmente os melhores resultados são obtidos a partir de uma manipulação integrada destes fatores.

Seguem alguns exemplos da aplicação dos conhecimentos da ecologia do solo para restauração:
  1. Identificação dos padrões aceitáveis atrelados a disponibilidade de matéria orgânica e ciclagem de nutrientes no solo.
  2. Introdução de espécies vegetais que alteram positivamente a estrutura, disponibilidade de nutrientes e biodiversidade do solo.
  3. Introdução de microartrópodes ou macroinvertebrados que auxiliem na reestruturação ecológica do solo
  4. Introdução de microorganismos benéficos de grupos diversos como micorrizas, bactérias nitrificantes, leveduras, e outros.
  5. Manipulação dos nutrientes disponíveis no solo com emprego de técnicas sustentáveis e com objetivos claros. 
  6. Identificação de intervenções que possam auxiliar no controle de espécies invasoras e favorecimento de espécies nativas.
  7. Emprego de técnicas agrícolas condizentes, como o plantio direto e a adubação orgânica.

O campo da Agroecologia vem inspirando investigações que avaliam diversas práticas para a recuperação progressiva de áreas degradadas com uma abordagem ecossistêmica e social. Sendo apresentado como uma ótima alternativa a diversos problemas oriundos estratégias convencionais de recuperação, reabilitação ou até mesmo a restauração.

As perspectivas ecológicas do solo que surgiram nas últimas décadas são integradoras e orientadas pelo ecossistema, considerando simultaneamente a influência da estrutura física, química e biológica do solo, o fluxo de energia e ciclagem de materiais. A construção de uma rede de conhecimentos ecológicos do solo (SEK) pode ser fundamental para a restauração em várias escalas. (da população à restauração de todo o ecossistema).

Conclusões práticas:
  •  O conhecimento do solo deve ser rotineiramente incorporado no planejamento e avaliação de projetos de restauração. O nível de sofisticação necessário para depende da extensão da degradação do solo, os objetivos do projeto e a resiliência do ecossistema e, portanto, todos esses fatores precisam ser considerados na execução de obras de restauração.
  • O campo da ecologia do solo, que tradicionalmente combina uma forte influência organizacional com foco nos processos ecossistêmicos fornece uma fonte de conhecimentos para os profissionais da restauração, influenciado pelo conhecimento emergente da prática de restauração.
  • Objetivos de restauração relativamente gerais – por exemplo, revegetação de uma área degradada, sem uma comunidade-alvo específica da planta planejada – Ecologia do solo básica.
  • Restaurar uma área degradada para uma condição alvo específica – Ecologia do solo avançada.

Quer saber mais sobre o assunto? consulte a nossa bibliografia:

HENEGHAN, Liam et al. Integrating soil ecological knowledge into restoration management. Restoration Ecology, v. 16, n. 4, p. 608-617, 2008..

“O conteúdo acima refere-se a uma tradução e recorte do artigo citado” 

Organo Labs – Laboratório de Nutrição orgânica.

 

1 thoughts on “Ecologia do solo e a restauração florestal

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